Ilustração Cacinho
POR VILA-ACENDEAMOR
“Todos nós estamos um pouquinho tristes por não ter desfile, mas foi melhor assim. Temos que estar todos vacinados para fazermos um grande carnaval em 2022” (Nelson Sargento, 12 de fevereiro de 2021, ao tomar a segunda dose da vacina).
Nelson não partiu. Não. Encantou-se em “Sinfonia Imortal”.
Como diria Luiz Antônio Simas, é no encantamento que surge o lenitivo pra seguir adiante. Contra as patentes das autoridades de plantão e as patentes das corporações de saúde, Sargento nos diz: “Alto, lá!”
“Sargento” foi a patente mais alta que desempenhou, segundo o Exército do Brasil.
No Palácio de Duque de Caxias, porém, o Nelson Mattos era o Coronel-Baluarte da Estação Primeira. A patente de Presidente de Honra sequer faz jus à Casa de Angenor.
Em razão da idade avançada, nem mesmo a segunda dose da vacina (tomada no último fevereiro) o salvou da foice da Indesejada das Gentes. Vacina não é dose de imortalidade. Que fique claro: é algo que ajuda a nossa saúde a combater o vírus — e as variantes —que aí estão a ameaçar nossas vidas.
O potente Som-Patente de Nelson nos leva além da última letra conhecida pela ciência. Polímata de todas as sabenças e saberes do Carnaval, Nelson diz o que todo suposto General deveria dizer a uma Comissão Parlamentar de Inquérito.
A declaração do Cidadão Sargento vale mais que muita desculpa de ocupante do Alvorada, ou que muito silêncio de ex-titular da Pasta da Saúde.
Nelson, ainda que em tom eufêmico, disse um pouco de toda a tristeza que, em razão da pandemia, também se abate sobre nós. Não bastassem as quase 455 mil vidas brasileiras que se despediram neste décimo quarto mês pandêmico, este primeiro ano sem Carnaval é difícil de engolir.
É um pouco das “vicissitudes” da nossa cultura que escorre pelos dedos. Em fevereiro de 2022? O Carnaval chegará...
Mas, pelo andar das declarações e, sobretudo, dos silêncios, a fala de Nelson tende, mesmo daqui a 9 meses, a calar fundo em nosso povo.
A maioria da população brasileira seguirá, até lá, sem vacina. Todos nós, uma vez mais — e pelo segundo ano consecutivo — sem Carnaval.
Em meio a essa “Sapucaí de Genocídios”, o nosso Samba “agoniza, mas não morre”!
No último sábado, 29 de maio de 2021, houve convocação geral para, civicamente, contestarmos a irresponsabilidade que aí está. Pelas ruas e avenidas no país, esse ainda é o grito entalado na garganta!
Recuso-me a, enquanto cidadão, discutir supostas prévias e estatísticas eleitorais, enquanto o Capitão da Morte seguir no poder.
Se não concorda comigo? Seja bem-vinde, seja bem-vinda, seja bem-vindo ao debate.
Não ficarei parado vendo gente que tem medo de debate e de prestar contas ao país dando uma de Che.
Respeitem os nossos revolucionários “Diários de Motocicleta”!
A última quinta, 27, foi um dia triste. Impossível negar isso. A Velha Guarda perdeu mais uma Gigante Verde-e-Rosa no seu Panteão.
Com a ironia que sempre poetizou o ritmo patente que alegra a alma, em vez dos chistes e chiliques da tal CPI, prefiro a Bela Companhia de meu “Parceiro de Ilusão”. Canta Sargento:
“Estou cansado de tanta mentira
Não dá mais pra segurar
Eu posso até sacrificar
A minha lira
Porém dos meus versos
Eu não vou abdicar
As vicissitudes dessa vida
Vão levando tudo de roldão
Não sou escravo nem senhor de causas perdidas
Nem parceiro da ilusão
Só encontro falsidade
Vou roendo dia-a-dia
A boca que eu beijava era a mesma que mentia
Tapar com o sol brilhante com a peneira da traição
É o modo mais constante
De fingir pro coração
Em busca da verdade
Tropecei na ingratidão
Meus versos são meu jeito de beber
Na emoção
Não há sinceridade
No olhar de um trapaceiro
Até na falsidade é melhor ser verdadeiro”
(“Parceiro da Ilusão”, do Cidadão-Poeta Nelson Mattos, a lira de nosso Artista Sargento-Nelson).
No Céu, ouve-se a “Sinfonia Eterna”, de Nelson Sargento, brilha Presidente Eterno da minha Primeira Estação.
No último Sábado, fui com minha Máscara PFF-2 desfilar pelo direito de que a dita “Praça dos Três Poderes” volte a ser “DO POVO”!
Esse meu manifesto, “inocente, pé-no-chão”, é uma homenagem imorredoura ao “Hino dos Sambistas”, que nos atravessa, sem jamais ser atravessado:
“Samba,
Inocente, pé-no-chão,
A fidalguia do salão,
Te abraçou, te envolveu,
Mudaram toda a sua estrutura,
Te impuseram outra cultura,
E você não percebeu,
Mudaram toda a sua estrutura,
Te impuseram outra cultura,
E você não percebeu.
Samba,
Agoniza mas não morre,
Alguém sempre te socorre,
Antes do suspiro derradeiro.
Samba,
Negro, forte, destemido,
Foi duramente perseguido,
Na esquina, no botequim, no terreiro.”
Nesse enredo de ilusões-reais e de falsas-autoridades, “só a arte salva!”
De volta às ruas e às avenidas da vida, meu povo, a melhor imunização é a carnavalesca!
Contra as “Patentes”, da CPI e da Vacina, eu vou pra rua sambar, meu Presidente Sargento!
Levem sempre suas Máscaras!!! O Show tem de continuar!!!
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