quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

Quero encarar Hilda Hist

 


Renata de Souza*

 

Há pouco tempo fui interrogada sobre o sentido da escrita em minha vida. - "Por que você escreve?" Inicialmente, não soube responder. Não tinha uma resposta elaborada. Ler, foi algo natural. Cresci numa família que estimulava a leitura, de tudo: imagens, rótulos, revistas, placas de trânsito, livros, gibis, jornais... Escrever é ato imperativo. Eu apenas me apropriei da ideia. Uma necessidade. Uma forma de estar, de elaborar minhas percepções sobre o gesto de existir, minhas crenças, dúvidas, meus signos, afetos. Eu não planejo a escrita, mas em determinados momentos, ela se impõe a mim. As palavras me rondam. Escrevo como quem habita um território muito pequeno que necessita de alargamento. A potência criadora da palavra me atrai, mas também a energia para romper limites pré estabelecidos. A palavra transgressora. Que encara os ritos e torna possível a ruptura com o não desejável, os desconfortos.

Recentemente, recebi o convite para integrar a Academia de Letras, Arte, Cultura e Humanidades de São José de Ubá. Alegria. Parte de minha história pessoal está ligada a essa aldeia, minhas referências paternas. Hoje, recebi um presente do presidente, quando, através de uma mensagem me diz. - "Sua patrona Nacional é Hilda Hilst". Gratidão. Orgulho. José Inácio, você acertou em cheio! E é a própria Hilda que me oferece a resposta para perturbadora pergunta.  Por que escrevo?

"Quando você chega a um limite extremo, você procura alguns caminhos de salvação". Escrevo como quem abre caminhos. Auto remição.

 

* Historiadora, professora e cronista


Nova acendedora do Pavio Curto, Renata de Souza Silva nasceu em 14 de setembro de 1971, em Valença, RJ, sendo a primeira filha de Sérgio Alves da Silva e Maria Teresa de Souza Silva.

A condição de engenheiro civil do pai, fez com que durante a infância, vivesse em diferentes cidades, pequenas e grandes, experimentando realidades diversas. Das brincadeiras de pique, roda, passeios a cavalo, rodas de violão às noites de sábado quando saia com amigos para dançar nas boates e ouvir um bom Rock. Das escolas tradicionais, inclusive religiosas, às escolas onde o conhecimento era construído sem a necessidade de ser pontuado. Aprendeu a ler muito cedo. De palavras soltas a rótulos de produtos, livros, gibis, jornais, revistas. Uma paixão.

Em 1997, concluiu a Faculdade de História, sendo especialista em História do Brasil. É professora da rede pública de ensino e tem a sala de aula como um espaço sagrado para elaboração e troca de conceitos com seus alunos do Ensino Médio, no Colégio Estadual Dez de Maio, na cidade de Itaperuna, onde reside junto a Clarisse e a Isadora, suas filhas, companheiras de vida e parceiras nos sonhos.

Já na juventude iniciou a escrita das primeiras crônicas, impressões, experiências, afetos e tarefas do cotidiano registradas em agendas, folhas avulsas de cadernos. Nunca deixou de escrever. Atualmente, desenvolve e apresenta sua escrita por meio das redes sociais.

Bem-vinda!!💣

Quero encarar Hilda Hist

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